Alunos e professores participam de um bate papo sobre filosofia indígena e seus valores - Escola Firjan SESI

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Estudante de Petrópolis conta como foi a experiência do bate papo com a professora e filósofa Lara Sayão

Durante este bimestre, os alunos do 8º ano da Escola Firjan SESI Petrópolis realizaram a leitura da obra Nós – uma antologia de literatura indígena, composta por uma coletânea de contos que traduzem a cosmovisão dos povos originários do Brasil. Dentre as diferentes atividades relacionadas a este tema e motivadas pela leitura da obra, a professora e filósofa Lara Sayão foi convidada para um bate-papo com os alunos, tratando da filosofia indígena e seus valores. O encontro aconteceu na manhã do dia 13 de setembro e toda a sua riqueza pode ser traduzida pelo texto abaixo, redigido por uma das alunas participantes.

Um outro mundo é possível? (Por Haydê Cardoso de Souza – aluna do 8º ano)

Basta uma roda de conversa para percebermos como cada um tem uma visão diferente sobre nosso mundo, não é verdade? É como se vivêssemos em mundos diferentes! E foi exatamente sobre isso que a professora Lara Sayão, a convite do professor Mauricio, veio nos falar na aula em que pudemos aprender um pouco sobre a visão dos indígenas sobre a natureza e sobre a vida.

Logo no início da conversa, Lara nos provocou com a seguinte pergunta: “qual a primeira coisa que vem à nossa mente quando pensamos em natureza?” Curiosamente, de todas as respostas, apenas um aluno incluiu o ser humano como parte integrante da natureza, o que nos fez refletir sobre o motivo de pensarmos assim. Por outro lado, na filosofia indígena, tudo é diferente, pois eles se veem como participantes da natureza e se relacionam com ela de forma pessoal: pedem conselhos para montanhas, aos rios, abraçam as árvores etc. Tudo isso para eles é normal, apesar de ser estranho para muitas pessoas! E há muita beleza em tudo isso!

Resumindo, a reflexão a que chegamos é a seguinte: quando foi que paramos de nos importar com algo tão belo e pacífico? Nós nos acostumamos a tratar tudo da natureza como objetos, pensando que podemos fazer o que quisermos com ela. Ora, se não fazemos isso com pessoas, então por que achamos que que é justo agirmos assim com a natureza?

Para os povos originários, mesmo a perspectiva de vida é diferente! Por exemplo: para eles, o contrário de “vida” não é morte, mas sim “desencanto”. Assim, existem muitas pessoas com o corpo vivo, mas que têm a mente morta... Em síntese, essa pessoa perdeu a beleza da vida. Por outro lado, os indígenas creem que as pessoas queridas nunca morrem, pois elas sempre permanecem presentes, vivas na lembrança e junto à comunidade, apenas de um modo diferente!

Assim, percebemos que um outro mundo é perfeitamente possível, mas também necessário! Afinal, são muitas as formas de se ler o mundo. E os indígenas o leem pelas lentes do respeito e do amor ao próximo e à natureza.